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E se eu quiser voltar? As dores de uma decisão silenciosa entre muitas imigrantes

Voltar para o Brasil. Essa ideia, que em outros tempos pareceria fracasso ou fraqueza, hoje emerge em muitas mulheres imigrantes como uma possibilidade real, dolorosa, solitária e, quase sempre, muito mal compreendida.

Talvez você esteja nesse ponto e já tenha até tentado de tudo: acomodou-se o melhor que pôde, estudou, trabalhou, construiu vínculos, aprendeu a língua, entendeu os códigos sociais, fez concessões. E, mesmo assim, sente que algo segue fora do lugar.

Às vezes, é a saudade que não dá sossego. Outras vezes, é um cansaço que se acumula, dia após dia, de viver em luta: para se afirmar, para ser compreendida, para ocupar um espaço onde, apesar dos anos, ainda se sente estrangeira.

E quando esse desejo de voltar aparece, ele raramente vem sozinho. Vem com culpa. Com medo. Com vergonha de parecer fraca. Com dúvidas que não cessam: “será que estou desistindo fácil demais?”, “e se eu me arrepender depois?”, “o que vão pensar de mim?”, “e se eu não me adaptar nem aqui nem lá?”. Se reconheceu?

Há também o medo do retorno: encontrar um Brasil que já mudou, relações que já não existem, ou mesmo a si mesma, tão transformada que já não se encaixa mais no lugar de antes. Mulheres que passam por isso vivem num entre-lugar. Entre dois países, entre duas culturas, entre duas versões de si.

Esse limbo não tem mapa, nem resposta certa. E é por isso que tantas imigrantes silenciam esse desejo. Porque não querem ouvir conselhos apressados, comparações cruéis ou julgamentos mascarados de otimismo.

Mas há algo que precisa ser dito com toda a clareza e cuidado:

A experiência migratória é complexa, exigente e profunda. E cada mulher tem um processo único de adaptação, pertencimento e escolha. Voltar não é sinônimo de fracasso, assim como permanecer não é sempre sinônimo de sucesso.

Mais importante do que onde você vive, é como você vive. Se está em paz com suas decisões, se sente que tem o direito de existir por inteiro, aqui, lá, ou em qualquer lugar do mundo.

O que verdadeiramente importa é que você se sinta pertencente ao seu próprio processo. Que ele seja seu. Com todas as ambivalências, dúvidas e recomeços que forem necessários.

Se decidir voltar, que seja com consciência, coragem e cuidado.
Se decidir ficar, que seja com enraizamento, escuta e leveza.

Não há resposta certa: há o seu tempo, o seu corpo, a sua história. E elas merecem ser ouvidas, com profundidade, sem pressa e sem culpa.

Se este tema te tocou, recomendo a leitura deste outro artigo:
➡️ “As feridas que atravessam o oceano: por que cuidar do que ficou antes de seguir adiante?”
Nele, aprofundo a importância de reconhecer os lutos invisíveis que carregamos na imigração e como eles afetam decisões como essa.

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As feridas que atravessam o oceano: por que cuidar do que ficou antes de seguir adiante

Quando você chegou na Europa, muita coisa começou a doer: a saudade da família, a solidão nos pequenos gestos, o medo de não se adaptar, o peso de ser para sempre “a estrangeira”.

Mas, pensa bem: há dores que já estavam ali muito antes da passagem de avião. Dores que não nasceram na imigração, mas que sim, a imigração escancarou. E, se elas não forem cuidadas, essas feridas antigas começam a se confundir com os sofrimentos novos, até que você já não saiba mais o que dói: se é o presente ou o passado que nunca foi elaborado. E é sobre isso que quero falar hoje com você.

O silêncio que grita

Toda mulher imigrante atravessa o oceano com mais do que malas e documentos. Ela carrega também histórias mal resolvidas, traumas familiares, vivências de abandono, rupturas afetivas, frustrações profissionais, violências normalizadas e pequenas dores acumuladas ao longo de anos. Muitas vezes, são histórias nunca ditas, jamais nomeadas, que foram sendo silenciadas no cotidiano e naturalizadas como “parte da vida”.

Mas essas feridas, mesmo abafadas, seguem vivas. E a imigração (que é um processo intenso de reinvenção) frequentemente funciona como um gatilho que as reativa. Isso porque o deslocamento geográfico, não raro, ativa um “deslocamento psíquico”, fazendo com que antigas vivências emocionais, antes adormecidas ou mantidas sob controle, retornem com força. A nova cultura, ao invés de apagar as dores passadas, muitas vezes funciona como espelho ou amplificador.

Quando tudo se mistura e nada mais se explica

É muito comum que, na Europa, a mulher brasileira comece a sentir uma tristeza persistente, uma irritação que não tem nome, uma exaustão emocional que não se justifica apenas pela adaptação. E ao tentar entender de onde vem esse sofrimento, a resposta costuma ser: “deve ser a saudade do Brasil”, “deve ser o choque cultural”, “deve ser porque não me adaptei”.

Mas nem sempre é.

Às vezes, essa dor é a continuação de um sofrimento anterior (que só agora encontrou espaço para emergir). A solidão que você sente hoje pode estar ressoando a ausência de cuidado na infância. A desvalorização profissional pode reativar feridas de autoestima que já existiam. As dificuldades no relacionamento podem trazer à tona padrões familiares antigos, não elaborados.

Quando essas camadas se embolam, você, mulher imigrante corre o risco de se perder de si mesma. De achar que “tudo começou aqui”, quando na verdade, muitas coisas apenas continuaram.

Cuidar das dores antigas é cuidar do futuro

Não se trata de buscar culpados. Trata-se de reconhecer que ninguém parte de um ponto neutro. A migração acontece sobre uma história já existente. E quanto mais consciência você tiver das marcas que trouxe do Brasil, mais capaz será de identificar o que de fato é novo e o que é repetição.

Quando você muda de país, você migra com seus vínculos, com suas perdas, com sua história inconsciente. E essa história insiste em reaparecer, mesmo que o entorno tenha mudado. Ou seja: mudar de país não apaga a trajetória emocional. Pelo contrário, muitas vezes ela reaparece com força.

E cuidar dessas feridas não é voltar ao passado, é libertar o presente. É permitir que a experiência migratória seja uma construção real, e não apenas uma repetição disfarçada. É separar as dores, entender suas origens, criar novos significados. É dar à sua história o espaço que ela merece, com escuta, com paciência e com autenticidade.

Palavras finais: migrar sem se perder de si

A imigração é uma travessia, mas não se atravessa um oceano sem olhar para as correntes internas que nos movem.

Talvez você tenha partido porque queria mudar de vida. Mas mudar de vida, às vezes, exige também mudar de olhar. Olhar para si com mais generosidade. Olhar para o passado com mais maturidade. E, principalmente, olhar para o que dói, antes que a dor decida falar mais alto que você.

É possível começar de novo, mas não dá para recomeçar se a bagagem emocional continua aberta e sangrando. Cuidar dessas feridas não é um luxo: é uma necessidade silenciosa que, quando escutada, permite que a mulher imigrante caminhe com mais leveza, mais autonomia e mais inteireza. Você está pronta para cuidar dessa bagagem emocional que trouxe consigo do Brasil?

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Autoestima: um alicerce emocional para mulheres imigrantes

Você já me ouviu dizer que migrar é um ato de coragem. Afinal, você não pega só um avião e muda de endereço, mas atravessa fronteiras geográficas, culturais, emocionais e simbólicas. E embora essa travessia seja muitas vezes motivada por sonhos, oportunidades ou necessidades, ela quase sempre coloca você diante de uma pergunta silenciosa e poderosa: Quem sou eu, agora, neste novo país?

É aqui que sua autoestima se torna um eixo central na sua experiência migratória.

Ao contrário do que muitos pensam, a autoestima não é apenas “gostar de si mesma” ou “ter pensamentos positivos sobre quem você é”. Na psicologia, compreendemos a autoestima como o valor que atribuímos a nós mesmas a partir da percepção de quem somos, do que merecemos e do quanto sentimos que pertencemos (não apenas no plano individual, mas também no social e no simbólico).

Para mulheres imigrantes, como eu e você, essa construção da autoestima se torna ainda mais complexa. Isso porque o processo migratório desestabiliza estruturas identitárias, desloca papéis sociais e exige a reinvenção constante de si mesma em um novo território, muitas vezes sem os apoios emocionais, culturais e familiares que sustentavam nossa autoestima no país de origem.

O que a migração faz com a sua autoestima?

Os estudos na área da psicologia intercultural, como os de Berry (1997) e Achotegui (2002), demonstram que migrar pode provocar um impacto significativo na sua percepção de valor pessoal. Afinal, muitos dos elementos que antes reforçavam a sua autoestima — profissão reconhecida, rede de amizades, domínio da língua, senso de pertencimento — são, em alguma medida, perdidos ou transformados durante a imigração.

Além disso, o racismo, a xenofobia e a invisibilização social que muitas imigrantes brasileiras enfrentam na Europa geram uma constante sensação de inadequação. Como psicóloga, eu escuto com frequência relatos como:

“Eu me sinto menos inteligente aqui porque não consigo me expressar como antes.”
“No Brasil eu era alguém, aqui pareço invisível.”
“Parece que nunca estou à altura.”

Esses sentimentos, embora compreensíveis, corroem lentamente a autoestima, especialmente quando não são elaborados com o devido cuidado.

Por que fortalecer a sua autoestima é urgente?

A autoestima funciona como um alicerce emocional. É ela que sustenta a sua capacidade de tomar decisões com segurança, de estabelecer limites, de construir vínculos saudáveis e de lidar com os desafios diários com mais resiliência. Quando você fortalece sua autoestima como uma mulher imigrante, passa a se relacionar com a experiência migratória de forma menos reativa e mais consciente.

E então você começa a não se anular para ser aceita, a não depender da aprovação externa para se sentir válida, e, o mais importante, a não se abandonar no processo de adaptação.

Ter autoestima significa manter viva a sua história — mesmo que o mundo ao redor ainda não a reconheça por completo. É sustentar internamente o valor de ser quem você é, mesmo diante do desconhecido.

Como cuidar da sua autoestima vivendo fora?

O fortalecimento da sua autoestima não acontece por mágica, e tampouco depende apenas de frases motivacionais. É um trabalho interno que te exige consciência, cuidado e, muitas vezes, apoio psicológico especializado. Abaixo, compartilho alguns pontos essenciais:

  • Reconhecer os impactos da imigração na sua identidade: Validar o que está difícil é o primeiro passo para cuidar de si.
  • Revisar suas referências de valor: Será que você está medindo sua autoestima por padrões que já não fazem sentido na sua vida atual?
  • Construir vínculos com quem te vê de verdade: Relações que acolhem e não julgam são fundamentais para reerguer a autoestima.
  • Cultivar narrativas internas mais compassivas: A forma como você fala consigo mesma importa, principalmente em momentos de fragilidade.
  • Buscar espaços seguros de escuta e reconstrução: A psicoterapia pode ser um desses espaços. Um lugar onde você não precisa estar pronta, apenas disposta a se reencontrar.

A autoestima é um direito

Por fim, é preciso afirmar algo que talvez você nunca tenha ouvido com clareza: ter autoestima é um direito seu e não um luxo, nem um capricho. É o que te permite sustentar a sua dignidade mesmo em um país que ainda não entende sua trajetória. É o que te dá força para construir uma vida com sentido, mesmo longe das raízes. E, sobretudo, é o que te lembra, todos os dias, que você merece ocupar o seu lugar no mundo — com voz, com presença e com verdade.

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Apagão na Europa: reflexões sobre a imprevisibilidade na vida das imigrantes

Hoje, 28 de abril de 2025, milhões de pessoas na Espanha, Portugal, Andorra e partes da França vivenciaram um apagão de proporções extraordinárias. Por várias horas, a falta de eletricidade paralisou cidades, afetou transportes, hospitais e até as comunicações básicas. Este evento imprevisto trouxe à tona, mais uma vez, a vulnerabilidade diante de forças externas que não podemos controlar, algo que se torna particularmente intenso para quem está longe de casa, vivendo a experiência da imigração.

Em situações como essa, é difícil não refletir sobre a fragilidade que nos acompanha em muitos momentos da vida. A falta de controle sobre acontecimentos como um apagão é uma lembrança dolorosa de que, embora possamos organizar nossa rotina, fazer planos e até estabelecer estratégias de adaptação, há forças externas que, muitas vezes, escapam ao nosso alcance.

Para quem é imigrante, essa sensação de impotência pode ser ainda mais intensa. Vivemos em um contexto em que a nossa base de segurança emocional já está fragilizada. A saudade de casa, o enfrentamento de um novo sistema, a distância da família e as inseguranças culturais e sociais, muitas vezes, criam um terreno fértil para a ansiedade e o medo. E, quando eventos imprevistos como este apagão acontecem, esses sentimentos podem ser amplificados, nos fazendo sentir mais vulneráveis e isoladas.

A imprevisibilidade é uma das grandes fontes de estresse para as imigrantes. Quando não sabemos o que esperar do novo país — seja por uma crise como essa, seja pela instabilidade do mercado de trabalho ou pelas questões de adaptação cultural —, nosso estado emocional tende a ser afetado de maneira profunda. A falta de controle pode nos deixar com a sensação de que estamos sempre à mercê das circunstâncias, o que gera um círculo de ansiedade constante.

O importante, no entanto, é entender que esse sentimento de vulnerabilidade não precisa ser algo negativo. Pelo contrário, ele pode ser uma oportunidade para fortalecer a nossa resiliência e compreensão de que, apesar de não podermos controlar tudo, podemos aprender a lidar com os imprevistos de uma maneira mais equilibrada.

Aqui estão algumas reflexões e práticas que podem te ajudar nesse processo de adaptação e enfrentamento da imprevisibilidade:

  1. Aceitação da incerteza: Vivemos em um mundo cada vez mais imprevisível, e isso, por mais desconfortável que seja, faz parte da experiência humana. A aceitação da incerteza não significa resignação, mas sim a compreensão de que nem tudo está sob o nosso controle. Essa aceitação pode diminuir a ansiedade e nos ajudar a lidar com as adversidades de maneira mais equilibrada.
  2. Fortalecimento da resiliência: A capacidade de nos adaptarmos aos imprevistos é uma habilidade que pode ser cultivada. Cada desafio enfrentado, como esse apagão, nos oferece uma chance de aprender novas formas de lidar com a adversidade. Reflita sobre como você já superou situações difíceis e use essas experiências como base para fortalecer sua resiliência.
  3. A importância da rede de apoio: Em momentos de crise, como este apagão, ter um sistema de apoio próximo é essencial. Amigos, familiares ou até grupos de apoio entre imigrantes podem proporcionar um sentimento de pertencimento e segurança. Esses laços são fundamentais para diminuir a sensação de solidão e vulnerabilidade.
  4. Cuidado com a saúde mental: Em situações de incerteza, nossa saúde mental pode ser bastante afetada. Práticas de autocuidado como meditação, exercícios de respiração ou atividades físicas, podem ajudar a manter o equilíbrio emocional. Estar em contato com o seu próprio corpo e mente, especialmente em tempos de estresse, é fundamental para manter o controle interno.
  5. Busca por informação confiável: O pânico em situações como apagões pode ser exacerbado pela falta de informações claras. Buscar fontes confiáveis e se manter informada de maneira equilibrada pode ajudar a reduzir o medo do desconhecido. Lembre-se: estar bem informada é um passo importante para recuperar o senso de controle sobre a situação.

A experiência da imigração é uma jornada cheia de desafios, muitos dos quais não podemos prever ou controlar. Porém, ao aprender a lidar com esses momentos de incerteza, podemos fortalecer nossa capacidade de adaptação, resiliência e, acima de tudo, de autoconhecimento.

Mesmo em meio à escuridão de um apagão, existe sempre a possibilidade de acender a sua luz interna. O importante é lembrar que a sua força está na forma como você escolhe reagir diante dos desafios, e que, mesmo fora do Brasil, é possível criar um novo equilíbrio, ainda que as circunstâncias fujam ao nosso controle.

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Voltar ou ficar? O dilema de tantas brasileiras imigrantes na Europa

Decidir voltar para o Brasil ou permanecer na Europa é, talvez, uma das questões mais íntimas, dolorosas e solitárias que uma imigrante pode viver. Essa dúvida não nasce de um dia para o outro — ela vai se formando aos poucos, no silêncio das noites em que o travesseiro se torna confidente. Ela aparece na saudade da comida feita pela mãe, no vazio das celebrações distantes, nas tentativas de pertencer a um lugar onde a gente sempre parece um pouco de fora.

Se você está passando por esse momento de indecisão, quero te convidar a fazer uma pausa comigo agora. Vamos conversar com calma. Sem pressa, sem julgamentos, sem fórmulas prontas. Apenas com presença e escuta.

Quando a saudade grita mais alto

A saudade não é só um sentimento. Para muitas mulheres migrantes, ela se manifesta no corpo: na ansiedade que aperta o peito, na angústia que tira o sono, na tristeza que aparece mesmo quando a vida parece estar “indo bem”. É um vazio difícil de explicar para quem nunca saiu do seu país.

Segundo Joseba Achotegui, psiquiatra espanhol que estuda os efeitos psicológicos da migração, o luto migratório é um processo complexo que envolve perdas múltiplas: da língua, da cultura, dos vínculos sociais, do status profissional e até da própria identidade. A saudade, nesse contexto, não é um capricho — ela é parte legítima de um processo emocional profundo.

Voltar ao Brasil, muitas vezes, parece ser a única forma de aliviar essa dor. Mas será que é mesmo o retorno que vai curá-la? Ou será que o que você precisa é se escutar com mais profundidade, com menos julgamento e com mais compaixão?

Informar-se com equilíbrio é essencial

Ficar pode ser um ato de coragem. Mas também pode ser exaustivo. Em especial quando as dificuldades parecem se repetir: barreiras linguísticas, isolamento, trabalho abaixo da sua qualificação, preconceito, burocracias infinitas e uma constante sensação de não pertencimento.

Ainda assim, é importante lembrar que as dificuldades fazem parte da fase de adaptação — e que adaptação é um processo, não um destino. John W. Berry, psicólogo canadense que estudou profundamente a adaptação intercultural, mostrou que, com o tempo e o suporte certo, é possível desenvolver estratégias para integrar-se à nova cultura sem perder sua própria cultura.

Mas isso exige tempo, suporte emocional e um olhar cuidadoso para si mesma. Permanecer não precisa ser um ato solitário. Você não precisa “dar conta de tudo” sozinha. Talvez esse seja justamente o momento de pedir ajuda.

E se o problema não for o país, mas o cansaço acumulado?

Muitas mulheres acreditam que voltar ao Brasil resolverá todos os seus incômodos. Mas às vezes o que está pesando não é o país onde vivem, e sim o acúmulo de experiências não elaboradas: frustrações engolidas, lutos não vividos, pressões internas e externas que não deram espaço para que suas emoções fossem escutadas.

Quando você se pergunta se deve voltar ou ficar, talvez a pergunta mais importante seja:
“O que eu realmente preciso agora?”

Você precisa de descanso? De pertencimento? De reconhecimento? De uma nova rede de apoio? De reconstruir sua autoestima? De voltar a sonhar?

Voltar ao Brasil pode ser, sim, uma escolha legítima e digna. Mas também pode ser uma fuga do que precisa ser olhado com mais profundidade.

Não se cobre por querer desistir. Mas também não decida de cabeça quente.

A migração, por mais desejada que tenha sido, não é um processo linear. Ela tem altos e baixos. Tem dias em que você se sente uma gigante por estar vencendo tantos obstáculos. E tem dias em que tudo o que você queria era estar no colo da sua mãe. Isso não significa que você está fracassando. Significa apenas que você é humana.

Se você está pensando em voltar, tente não tomar essa decisão no auge da dor. Decidir no momento da exaustão pode te levar a caminhos que você não deseja de verdade. Permita-se tempo para pensar, sentir, conversar com pessoas de confiança e buscar apoio psicológico.

O retorno ao Brasil pode ser o recomeço. Mas também exige preparação.

Se, depois de refletir profundamente, você entender que voltar é o melhor para você, saiba que isso também exigirá planejamento e adaptação. O retorno migratório, segundo diversos estudos, também pode causar choque cultural, frustração e sensação de deslocamento.

Você não será a mesma que partiu. E o Brasil também não será mais o mesmo. Por isso, independentemente da sua decisão, cuide da sua saúde mental. Acolha suas emoções com gentileza.

Você não precisa ter todas as respostas agora

Se posso te dizer algo como psicóloga intercultural, é: não existe resposta certa ou errada. Existe o que faz sentido para você hoje — com o que você sente, com o que você tem, com o que você pode.

E, às vezes, a decisão mais importante não é escolher entre voltar ou ficar. Mas escolher não se abandonar no meio do caminho.

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Ansiedade Europa Guerra na Europa Qualidade de vida

Kit de sobrevivência: Como manter a calma diante da incerteza

Nos últimos dias, um comunicado da União Europeia orientando os cidadãos a armazenarem itens de emergência para três dias reacendeu o medo de uma possível guerra. Para quem já vive no exterior, longe da família e da rede de apoio que um dia chamou de lar, esse tipo de notícia pode trazer uma avalanche de emoções: ansiedade, insegurança e até uma sensação de impotência.

Se você sentiu o coração acelerar ao ler as manchetes ou se pegou imaginando os piores cenários, quero que respire fundo. Vamos conversar sobre como enfrentar esse momento com mais clareza e equilíbrio.

O medo é natural, mas não precisa te paralisar

Diante de eventos globais incertos, o medo é uma resposta automática do nosso cérebro. Ele nos alerta sobre possíveis ameaças e nos impulsiona a buscar segurança. O problema acontece quando esse medo se torna um estado constante, tirando nossa paz e nos impedindo de viver com serenidade.

Como imigrante, você já enfrentou grandes desafios: aprendeu a lidar com uma nova cultura, talvez tenha reconstruído sua carreira do zero, lidou com burocracias que pareciam impossíveis e superou momentos de solidão. Você é mais resiliente do que imagina.

O que estamos vivendo agora é mais um momento de incerteza, mas não significa que o pior vai acontecer. Muitas vezes, governos fazem recomendações preventivas para garantir que a população esteja preparada para cenários que podem nunca se concretizar. Isso não quer dizer que há uma ameaça imediata.

Informar-se com equilíbrio é essencial

Em tempos de crise, a maneira como consumimos informação impacta diretamente a nossa saúde mental. Se você passa o dia todo lendo notícias alarmantes, acompanhando redes sociais cheias de teorias e recebendo mensagens de familiares preocupados, seu sistema nervoso ficará em estado de alerta constante, aumentando a sua ansiedade.

Aqui estão algumas estratégias para lidar com isso:

✔ Escolha fontes confiáveis: Priorize veículos de imprensa sérios e evite cair em fake news que só estimulam a ansiedade.

✔ Estabeleça um limite para o consumo de notícias: Verificar uma ou duas vezes ao dia já é suficiente para se manter informada sem sobrecarregar sua mente.

✔ Cuidado com o efeito emocional das redes sociais: O medo coletivo pode criar uma bolha de pânico. Filtre o que lê e evite compartilhar conteúdos sensacionalistas.

O que está ao seu alcance?

Diante da incerteza, um dos maiores desafios é a sensação de falta de controle. Para combater isso, uma estratégia eficaz é focar no que você pode fazer no momento presente.

Se preparar com um pequeno kit de emergência — como sugerido pela União Europeia — não significa que algo grave vá acontecer, mas pode trazer uma sensação de segurança. Tenha o básico: água, alimentos não perecíveis, remédios essenciais, dinheiro e documentos organizados. Não se trata de viver em estado de alerta, mas sim de ter tranquilidade caso precise.

Além disso, fortalecer sua rede de apoio no país onde vive pode ser uma grande fonte de segurança emocional. Manter contato com amigos, conversar com outras imigrantes que compartilham suas preocupações e buscar suporte psicológico são formas de não carregar esse peso sozinha.

A importância do autocuidado emocional

Se você sente que a ansiedade tem aumentado nos últimos dias, volte para aquilo que te ancora. O que te traz conforto e segurança? Para algumas pessoas, pode ser praticar exercícios físicos, meditar, manter uma rotina estruturada ou simplesmente conversar com alguém de confiança.

Aqui estão algumas práticas que podem te ajudar a manter a calma:

✔ Respiração consciente: Sempre que sentir a ansiedade aumentar, faça respirações profundas e lentas. Isso ajuda a acalmar o sistema nervoso.

✔ Atividades que te conectam ao presente: Ler um livro, caminhar ao ar livre, ouvir músicas que te tragam paz — tudo isso ajuda a desviar o foco do medo.

✔ Lembre-se da sua força: Você já enfrentou desafios antes e encontrou caminhos para seguir. Confie na sua capacidade de adaptação.

O que essa experiência pode ensinar?

Se há algo que a vida fora do Brasil nos ensina, é que precisamos aprender a viver com a incerteza. Ser imigrante é, em muitos aspectos, um exercício contínuo de resiliência e flexibilidade.

A insegurança global pode mexer com nossas emoções, mas também pode nos lembrar do que realmente importa: estar conectadas com quem amamos, valorizar o presente e encontrar estabilidade dentro de nós mesmas, independentemente do que acontece lá fora.

Se você sente que precisa de mais apoio para lidar com essa fase, não hesite em buscar apoio emocional. A psicoterapia pode ser um espaço importante para elaborar seus medos e encontrar caminhos para viver com mais leveza.

No meio do turbilhão de informações e preocupações, não se esqueça: você não está sozinha. E, acima de tudo, você tem recursos internos para atravessar esse momento com coragem e equilíbrio.

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Família

O Dia dos Pais na vida das imigrantes: uma conversa sobre saudades, luto e relações complexas

Nem sempre a relação com nosso pai é perfeita e imaculada, como a sociedade espera.

O Dia dos Pais sempre traz à tona um turbilhão de emoções, especialmente para aquelas brasileiras que vivem longe de casa. É um dia em que, mais do que nunca, nos pegamos refletindo sobre a relação com nossos pais e como a distância, a perda ou as dificuldades no relacionamento afetam essa dinâmica.

A saudade de um pai distante

Para muitas de nós, imigrantes brasileiras, o Dia dos Pais pode ser especialmente difícil. A saudade aperta mais forte quando lembramos das celebrações em família, das pessoas queridas reunidas e das conversas ao redor da mesa. A distância física torna-se uma barreira dolorosa que parece crescer ainda mais nesse dia.

Quando estamos longe, as chamadas de vídeo sempre ajudam, e o bom dos avanços da tecnologia é que hoje em dia é possível ver e falar com nosso pai várias vezes no mesmo dia. Mas nem tudo é perfeito, pois nada substitui o contato físico, aquele abraço apertado que só ele sabe dar. Você sabe como é isso: às vezes, a saudade é tão grande que parece que vamos explodir. E quando isso acontece, uma sugestão é encontrar consolo nas pequenas coisas: uma foto antiga, uma lembrança especial ou mesmo escrever uma carta para ele, ainda que você se decida por não enviar.

Lidando com a perda

Para aquelas cujo pai já não está mais conosco, o Dia dos Pais é uma lembrança constante do vazio deixado pela sua partida. Para algumas pessoas, a perda é uma dor que nunca desaparece completamente. Ela se transforma, às vezes adormece, mas acorda com força total em dias como esse.

Conversar com amigas que passaram pela mesma experiência pode trazer algum conforto. Às vezes, compartilhar histórias, memórias e até mesmo lágrimas ajuda a aliviar o peso do luto. Escrever sobre seu pai, sobre o que ele significa para você, é uma maneira de mantê-lo presente na sua vida. No meu caso, sei que ele era orgulhoso de mim, da coragem que tive ao me aventurar pelas terras de seu pai, na Espanha. E mesmo que ele não esteja aqui fisicamente, sinto sua presença em cada passo que dou.

Existe um misto de emoções em relação aos nossos pais, independente da relação que construímos com eles.

Relações complexas

Nem todas nós tivemos ou temos uma relação fácil com nossos pais. Para algumas, o dia dos pais é um lembrete das feridas e das mágoas que ainda não cicatrizaram. É difícil transitar por esses sentimentos contraditórios, onde o amor e a dor se misturam.

Quando penso nas amigas que têm relações difíceis com seus pais, vejo o quanto é importante reconhecer e validar esses sentimentos. Não precisamos nos forçar a celebrar ou a seguir convenções sociais que não fazem sentido para nós. Faz parte da vida sentir raiva, tristeza, ou mesmo indiferença. O importante é encontrar uma forma de cuidar de nós mesmas, seja buscando apoio de amigos, falando com uma psicóloga ou simplesmente dando um tempo para respirar e refletir.

A rede de apoio

O que realmente faz diferença é ter uma rede de apoio sólida. Ter amigas que entendem o que estamos passando, que nos oferecem um ombro amigo e que nos lembram que não estamos sozinhas nessa jornada. Essas conexões são um alívio e uma fonte de força.

Conversas sinceras com pessoas que amamos podem trazer uma perspectiva nova e, muitas vezes, a sensação de que estamos todas juntas nisso. Às vezes, um simples “eu te entendo” faz toda a diferença. E, claro, criar novas tradições e rituais com nossos amigos e a família escolhida pode transformar um dia potencialmente triste em um momento de conexão e alegria.

Palavras finais

O Dia dos Pais para nós, imigrantes, pode ser uma montanha-russa de emoções. Seja pela saudade, pela perda ou por relações complicadas, cada uma de nós enfrenta desafios que são só nossos. Mas ao conversarmos sobre isso, ao partilharmos nossas histórias e ao apoiarmos umas às outras, encontramos maneiras de navegar por essas águas turbulentas.

Lembre-se de que não existe uma forma certa ou errada de sentir ou de lidar com esse dia ou com seus sentimentos. O importante é encontrar aquilo que te traz conforto e paz, e saber que, mesmo à distância, as conexões que fazemos são importantes alicerces de amor e apoio.

E você? Costuma se sensibilizar com os segundos domingos de agosto, mesmo estando longe do Brasil?

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Amizades na Europa

Amizades no exterior e o impacto na saúde mental das imigrantes brasileiras

A amizade é fundamental para brasileiras que imigram.

No dia 30 de julho é comemorado o Dia Internacional da Amizade, data oficialmente estabelecida em 2011 pela Assembleia Geral da ONU para realçar a amizade entre povos, países, culturas e indivíduos, com a intenção de inspirar esforços de paz e construir pontes entre comunidades.

Para muitas imigrantes brasileiras que vivem na Europa, as amizades representam um pilar fundamental no processo de adaptação e bem-estar. Neste artigo vamos falar sobre como as amizades no exterior impactam positivamente a saúde mental das imigrantes, destacando a importância desses vínculos na construção de uma vida mais leve e feliz no exterior.

A importância das amizades para as imigrantes

Como você já sabe, a decisão de emigrar para outro país envolve uma série de desafios e adaptações. Lidar com a saudade da família, aprender um novo idioma, adaptar-se a uma cultura diferente e enfrentar preconceitos são apenas algumas das dificuldades enfrentadas por nós, imigrantes. Nesse contexto, as amizades se tornam uma rede de apoio mais do que essencial – são indispensáveis, pois ajudam a aliviar o peso emocional dessas mudanças e oferecem suporte prático e emocional. Além disso, as amizades no exterior podem desempenhar vários papéis importantes. Entre eles:

Suporte emocional: Ter amigos com quem compartilhar sentimentos, medos e alegrias é crucial para a saúde mental. Eles oferecem um ombro amigo nos momentos de dificuldade e estão conosco para celebrar conquistas e sucessos.

Integração social: Amizades locais ajudam na integração à nova cultura, ensinando costumes e tradições locais e facilitando a participação em eventos e atividades sociais.

Rede de apoio: Amigos podem fornecer informações valiosas sobre serviços locais, oportunidades de emprego e dicas práticas para a vida diária, como fazer compras e até lidar com a burocracia.

Redução do isolamento: A solidão é um dos principais fatores que afetam negativamente a saúde mental das imigrantes. Ter amigos diminui a sensação de isolamento e promove uma sensação de pertencimento.

Exemplos práticos de amizades impactando a vida das imigrantes

Mariana e o grupo de mães brasileiras em Lisboa

Mariana, uma brasileira de 35 anos, se mudou para Lisboa com seu marido e dois filhos pequenos. Inicialmente, ela se sentia perdida e solitária, especialmente enquanto o marido estava no trabalho e as crianças na escola. Foi então que ela descobriu um grupo de mães brasileiras que se reunia semanalmente em um parque local.

Essas reuniões se tornaram um ponto de virada para Mariana. Ela fez boas amizades, trocou experiências sobre a criação de filhos em um novo país e recebeu apoio emocional nos momentos em que se sentia mais vulnerável. As amizades que ela cultivou no grupo não só ajudaram na sua adaptação, mas também melhoraram significativamente sua saúde mental, lhe proporcionando um senso de comunidade e pertencimento.

Paula e a rede de profissionais em Berlim

Paula, uma engenheira de 29 anos, se mudou para Berlim em busca de novas oportunidades na carreira. No início, ela enfrentou dificuldades para se adaptar ao ambiente de trabalho e à cultura alemã. Foi através de uma rede de profissionais latinoamericanos que ela encontrou suporte. Os encontros mensais do grupo eram uma chance de compartilhar experiências, discutir desafios e comemorar conquistas.

Através dessas amizades, Paula encontrou mentores que a ajudaram a interagir melhor no mercado de trabalho local e desenvolveu um círculo de amigos que se tornaram sua família na Alemanha. O suporte emocional e profissional que ela recebeu dessas amizades teve um impacto positivo em sua autoestima e confiança, permitindo-lhe prosperar em seu novo ambiente.

Quando vivemos no exterior, as amizades contribuem para a manutenção da saúde física e mental.

Benefícios das amizades na saúde mental

Vários estudos – entre eles Cohen e Wills (1985); Brown e Harris (2002); Holt-Lunstad, Smith, Layton (2010); Cacioppo e Cacioppo (2012) – demonstram que as amizades têm um impacto significativo na saúde mental. Relacionamentos saudáveis e de apoio estão associados a níveis mais baixos de depressão, ansiedade e estresse. Além disso, amigos podem encorajar comportamentos saudáveis, como a prática de exercícios físicos e a busca por ajuda profissional quando necessário.

Para as imigrantes, as amizades podem ser ainda mais cruciais devido à multiplicidade de desafios enfrentados. A presença de amigos que compreendem as dificuldades da vida no exterior pode proporcionar um alívio emocional muito importante, ajudando a combater a sensação de isolamento e solidão.

Dicas para Cultivar Amizades no Exterior

Participe de grupos e comunidades: Procure grupos locais de brasileiros ou de interesses comuns, como clubes de leitura, grupos de mães ou associações profissionais (é importante não se limitar apenas às comunidades brasileiras. Conheça outros grupos e culturas também, assim você se adaptará melhor na sua vida no exterior).

Seja proativa: Não espere que os outros tomem a iniciativa. Convide colegas de trabalho ou conhecidos para um café ou uma atividade social.

Use redes sociais: Plataformas como Facebook, Instagram e apps de amizades podem ser ótimas ferramentas para encontrar eventos e grupos de amizades na sua cidade.

Seja aberta e receptiva: Esteja aberta a novas experiências e disposta a conhecer pessoas de diferentes culturas. A diversidade pode enriquecer suas amizades e proporcionar novas perspectivas.

Ofereça ajuda e apoio: As amizades são uma via de mão dupla. Esteja disponível para apoiar seus amigos nos momentos de necessidade.

E você? Que estratégias utiliza para fazer amizades?

Contribua nos comentários e ajude outras brasileiras a não se sentirem tão solitárias na Europa! 😉

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Europa

Ameaça terrorista na Suécia. Devo me preocupar?

No último 17/08 a Suécia decidiu subir o nível de alerta à ameaças terroristas de 3 para 4 (o máximo é 5).

Porque isso?
Isso ocorreu após dois homens queimarem um exemplar do Corão, no final de julho, em frente ao Parlamento sueco. Esse ato foi sucedido por outro em junho, onde a ação se repetiu em frente a maior Mesquita de Estocolmo.

Retaliações?
O mundo muçulmano sofreu fortes tensões com esses atos e a embaixada sueca em Bagdad foi incendiada. Lançaram um coquetel molotov contra a embaixada sueca em Beirut, que felizmente não chegou a explodir. E a Al Qaida convocou ataques terroristas contra a Suécia. Por isso o nível de ameaça terrorista subiu de 3 – alto para 4 – crítico.

Moro na Suécia. Devo me preocupar?
Bom, vamos lá: viver em um país que está sob constante vigilância terrorista não é agradável. Além disso, viver com medo não é saudável. Vamos pensar: a Suécia já tinha uma classificação alta até o dia 16/08 e aparentemente estava tudo “bem”. Foi preciso que a segurança pública do país mudasse a classificação para que os demais países parassem de recomendar que seus cidadãos viajassem para lá, como foi o caso da Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.

Eu sei que basta um atentado para que algo terrível aconteça. Mas não é porque o país aumentou o risco de ameaça terrorista, que necessariamente haverá ameaça. O que significa, isso sim, é que o cuidado e a atenção contra o terrorismo no país, do ponto de vista da segurança pública, foram ampliados e novos procedimentos foram adotados para que o ato terrorista não ocorra.

Há países que têm baixíssima probabilidade de ocorrer um ato terrorista e, quando menos se espera, acontece. Mas, quanto mais preparado está um país, como é o caso da Suécia agora, menores são as probabilidades de acontecer.

Agora, volto a repetir o que já falei acima e que é o mais importante que você vai ler nesse texto: não dá pra viver em um país com medo, não é saudável, a sua saúde mental não aguenta. Provavelmente você saiu do Brasil por causa do medo, certo? Então…

Apenas viva a sua vida tranquilamente. Confie no governo e na segurança do país que você escolheu viver e, se não conseguir lidar bem com isso, já sabe: procure uma psicóloga intercultural para conversar sobre os seus anseios.

Bom, hoje vou ficando por aqui.

Quer conversar sobre esse tema? Será um prazer te ler nos comentários!

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Qualidade de vida

6 sugestões para uma vida mais leve na Europa

Isso não é mais segredo para ninguém: imigrante que quer uma vida baseada na produtividade, em ganhar e juntar dinheiro, emigra para países como Estados Unidos, Japão e Austrália. Mas quem deseja qualidade de vida, o caminho não é outro: vem para a Europa.

Mas, por muito brasileiros que somos, às vezes fica difícil desacelerar, sair da lógica da produtividade tão presente no Brasil e se entregar àquela vida mais tranquila voltada para o bem-estar e para a família que é o cerne estrutural da Europa e é o que a maioria de nós desejamos e viemos buscar aqui.

Então, nesse impasse entre ter a possibilidade de viver com tranquilidade e leveza e não conseguir vivê-la porque não estamos acostumadas com isso, o que acontece? Conflitos internos, culpa, questionamentos, dúvidas, sofrimento…

Tem pessoas tão vidradas na produtividade que tem até dificuldade em relaxar e aproveitar o que a Europa tem a nos oferecer. O ideal é, claro, trabalhar isso em terapia e entender os seus motivos inconscientes para não conseguir aproveitar. Mas, enquanto esse dia não chega, te dou de presente seis sugestões para você tentar levar a sua vida com mais leveza:

  1. Manter o trabalho equilibrado com a vida pessoal: Na Europa, muitas pessoas valorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. As pessoas costumam trabalhar um número limitado de horas por dia ou por semana e têm tempo para se dedicar a atividades fora do trabalho, como hobbies, esportes ou viagens.
  2. Ter uma rotina de autocuidado: Por aqui é super comum as pessoas dedicarem tempo para cuidar da mente e do corpo. Por isso, é costume fazer exercício regularmente, meditar, dormir o necessário e manter uma dieta saudável e equilibrada.
  3. Desenvolver uma conexão com a natureza: A Europa é rica em beleza natural, e as pessoas por aqui adoram desfrutar de passeios em meio à natureza. Fazer atividades junto à montanhas, praias, rios e florestas tem o potencial de revigorar as pessoas, principalmente na primavera e no verão. Entre as atividades mais realizadas, estão as caminhadas, camping, esportes aquáticos ou simplesmente apreciar a beleza natural junto de uma boa companhia.
  4. Aprender novas línguas e culturas: O continente europeu é diverso, rico em culturas e línguas diferentes. As pessoas por aqui valorizam a oportunidade de aprender novas línguas e culturas, o que pode levar a novas amizades, conhecimentos e perspectivas.
  5. Criar relações pessoais sólidas: As relações pessoais são muito fortes e valorizadas, e as pessoas costumam investir tempo em suas amizades e relacionamentos. Os europeus costumam sair para tomar café, jantar em família ou participar de atividades em grupo.
  6. Ter tempo para a família e os amigos: Essa é um desdobramento da anterior. A vida pode ser bem agitada, mas os europeus reconhecem que é fundamental ter tempo para as pessoas que são importantes para si. Por isso eles costumam dedicar tempo para seus entes queridos, socializar e criar memórias afetivas.

E aí, o que achou? Você já pratica alguma dessas sugestões para viver com mais leveza?