
O Dia dos Pais sempre traz à tona um turbilhão de emoções, especialmente para aquelas brasileiras que vivem longe de casa. É um dia em que, mais do que nunca, nos pegamos refletindo sobre a relação com nossos pais e como a distância, a perda ou as dificuldades no relacionamento afetam essa dinâmica.
A saudade de um pai distante
Para muitas de nós, imigrantes brasileiras, o Dia dos Pais pode ser especialmente difícil. A saudade aperta mais forte quando lembramos das celebrações em família, das pessoas queridas reunidas e das conversas ao redor da mesa. A distância física torna-se uma barreira dolorosa que parece crescer ainda mais nesse dia.
Quando estamos longe, as chamadas de vídeo sempre ajudam, e o bom dos avanços da tecnologia é que hoje em dia é possível ver e falar com nosso pai várias vezes no mesmo dia. Mas nem tudo é perfeito, pois nada substitui o contato físico, aquele abraço apertado que só ele sabe dar. Você sabe como é isso: às vezes, a saudade é tão grande que parece que vamos explodir. E quando isso acontece, uma sugestão é encontrar consolo nas pequenas coisas: uma foto antiga, uma lembrança especial ou mesmo escrever uma carta para ele, ainda que você se decida por não enviar.
Lidando com a perda
Para aquelas cujo pai já não está mais conosco, o Dia dos Pais é uma lembrança constante do vazio deixado pela sua partida. Para algumas pessoas, a perda é uma dor que nunca desaparece completamente. Ela se transforma, às vezes adormece, mas acorda com força total em dias como esse.
Conversar com amigas que passaram pela mesma experiência pode trazer algum conforto. Às vezes, compartilhar histórias, memórias e até mesmo lágrimas ajuda a aliviar o peso do luto. Escrever sobre seu pai, sobre o que ele significa para você, é uma maneira de mantê-lo presente na sua vida. No meu caso, sei que ele era orgulhoso de mim, da coragem que tive ao me aventurar pelas terras de seu pai, na Espanha. E mesmo que ele não esteja aqui fisicamente, sinto sua presença em cada passo que dou.

Relações complexas
Nem todas nós tivemos ou temos uma relação fácil com nossos pais. Para algumas, o dia dos pais é um lembrete das feridas e das mágoas que ainda não cicatrizaram. É difícil transitar por esses sentimentos contraditórios, onde o amor e a dor se misturam.
Quando penso nas amigas que têm relações difíceis com seus pais, vejo o quanto é importante reconhecer e validar esses sentimentos. Não precisamos nos forçar a celebrar ou a seguir convenções sociais que não fazem sentido para nós. Faz parte da vida sentir raiva, tristeza, ou mesmo indiferença. O importante é encontrar uma forma de cuidar de nós mesmas, seja buscando apoio de amigos, falando com uma psicóloga ou simplesmente dando um tempo para respirar e refletir.
A rede de apoio
O que realmente faz diferença é ter uma rede de apoio sólida. Ter amigas que entendem o que estamos passando, que nos oferecem um ombro amigo e que nos lembram que não estamos sozinhas nessa jornada. Essas conexões são um alívio e uma fonte de força.
Conversas sinceras com pessoas que amamos podem trazer uma perspectiva nova e, muitas vezes, a sensação de que estamos todas juntas nisso. Às vezes, um simples “eu te entendo” faz toda a diferença. E, claro, criar novas tradições e rituais com nossos amigos e a família escolhida pode transformar um dia potencialmente triste em um momento de conexão e alegria.
Palavras finais
O Dia dos Pais para nós, imigrantes, pode ser uma montanha-russa de emoções. Seja pela saudade, pela perda ou por relações complicadas, cada uma de nós enfrenta desafios que são só nossos. Mas ao conversarmos sobre isso, ao partilharmos nossas histórias e ao apoiarmos umas às outras, encontramos maneiras de navegar por essas águas turbulentas.
Lembre-se de que não existe uma forma certa ou errada de sentir ou de lidar com esse dia ou com seus sentimentos. O importante é encontrar aquilo que te traz conforto e paz, e saber que, mesmo à distância, as conexões que fazemos são importantes alicerces de amor e apoio.
E você? Costuma se sensibilizar com os segundos domingos de agosto, mesmo estando longe do Brasil?