Mas ganhei o mundo quando comecei a participar de congressos científicos ministrando palestras e expondo minhas descobertas científicas na área do trabalho. Comecei oferecendo uma conferência para o governo da Cidade do México sobre o tema do meu mestrado, mas logo depois vieram outros países, como Argentina, Uruguai, República Tcheca, Itália, entre outros.
No doutorado, me tornei, de fato, a imigrante. Fui para a Itália realizar parte da minha pesquisa na universidade mais antiga do ocidente, a Università di Bologna, fundada em 1088. Apesar de estar feliz por estar vinculada a uma das universidades de maior prestígio no mundo, por ter uma boa bolsa de estudos e não ter problemas de dinheiro, por estar com toda a documentação em dia, eu não estava bem e não estava feliz. Um turbilhão de sentimentos se instalou em mim e aquela que era para ser uma experiência fantástica, não foi como eu esperava.
Eu queria desistir. Mas desistir não era uma opção, porque senão eu teria que prestar contas com a Fapesp, agência que me concedeu a bolsa de estudos. E, claro, eu pensava: “o que os outros vão pensar de mim? Fui para a Itália e voltei sem o que fui buscar. Sou uma fracassada!”. E então continuei, com um enorme sofrimento para administrar dentro de mim.
Na época eu não fazia terapia, pois havia recebido alta. Mas quando voltei para o Brasil e defendi o doutorado, comecei a repensar se eu realmente queria seguir na carreira em que eu estava. E então eu decidi não só voltar para a terapia, como também cursar a graduação em Psicologia. Logo no início do curso, eu já sabia qual seria o público com o qual eu gostaria de trabalhar quando me formasse: aquelas pessoas que, como eu, estavam vivendo na Europa, mas que cujos sonhos, de uma forma ou de outra, se transformavam em pesadelos quando o sofrimento psíquico/emocional aparecia e não sabiam muito bem como lidar.
O meu tempo na Itália foi intenso: eu viajei muito, comi muito, me diverti muito, chorei muito, me senti muito sozinha, aproveitei o momento o quanto eu conseguia. Mas acho que se tivesse um acompanhamento psicológico na época, eu poderia ter tido uma experiência muito mais leve e uma vida mais feliz.
Agora que já me apresentei, como eu posso te ajudar? :)